segunda-feira, 20 de julho de 2009

Odeio


Me considero bem irritadinha às vezes, talvez até um pouco chata em algumas ocasiões. Algumas coisas que acontecem ao meu redor conseguem tirar o pouco do que ainda existe da minha paciência. Será que estou me tornando precocemente uma velha reclamona e rabugenta?

Vou relatar agora algumas das coisas que fazem parte do meu "eu odeio" e os motivos pelos quais tais situações me desagradam tanto.

Odeio lugares lotados, repletos de gente se esbarrando, se acotovelando e empurra-empurra . Me sinto sufocada, fico irritada e impaciente, sinto que estão invadindo o meu espaço, o que me incomoda bastante.

Me sinto dessa forma também porque tudo isso me remete a dois acontecimentos bizarros. O primeiro deles é que eu sempre lembro de uma xícara de chá vazia que cairá em meu pé esquerdo no futuro. Porque lembro disso? Não sei, talvez porque seja algo tão incômodo quanto multidões. A outra bizarrice ocorreu quando eu era apenas uma pequena e saltitante Patyzinha, brincando em um Parque lotado. Lá estava eu, brincando de Rei Leão, rugindo para todo lado, quando dois estranhos começaram a dançar Macarena e se bater sem motivo aparente. Por isso, quando estou em multidões sinto uma agulhada repuxante no meu pé esquerdo e começa a tocar sem parar em minha cabeça a Macarena várias e várias vezes. Além disso lembro daquelas duas criaturas mais descoordenadas que eu e aquela reboladinha no final.

Nada agradável, não é?

Também odeio ficar por muito tempo sozinha. É tão melhor ter alguém para perturbar!

Não gosto porque fico inquieta, procurando o que fazer, ficar calada por muito tempo começa a me irritar.

Não gosto porque muito tempo vago me faz pensar em coisas inúteis e totalmente sem nexo. Um pensamento que sempre me acomete nessas horas é o fato da inexistência de árvores que usam roupas íntimas na Mata Atlântica. Sei que parece algo sem sentido algum, mas nessas horas fico imaginando que se elas usassem lingerie ficariam muito mais sexys e talvez, dessa forma, não seriam cruelmente devastadas. Bastava jogar um charminho!

Ficar sozinha também me faz lembrar uma jovem planta carnívora africana chamada Samanta que comeu meu pobre gatinho Miau na minha última encarnação. Acreditem em mim, solidão é capaz de lhe trazer recordações das mais antigas.

Outra coisa que me não suporto são pessoas escandalosas e que falam alto demais. Sabe aqueles seres que tentam chamar a atenção alheia a todo custo?

Por que não gosto? Porque muito barulho me irrita, sinto vergonha alheia.

Pessoas assim são como o nojento monstro gosmento de Fagathea. Ele é super escandaloso, barulhento, carente afetivo, nojento e gosmento. Um dia quando vocês tiverem a oportunidade de conhecê-lo, verão como estou certa nas comparações.

Odeio também porque acabo lembrando do nado sincronizado dos golfinhos trombadinhas de Vladivostok. Esses carinhas realmente necessitam de atenção, por isso realizam essa modalidade esportiva. Não sendo suficiente, precisavam de mais escandalos para chamar a atenção e se bandiaram para a criminalidade sendo experts em roubo à nadadeira armada.

Espero que meus motivos tenham ficado totalmente esclarecidos desse modo...





sábado, 11 de julho de 2009

Oh!


Era uma bela noite de segunda-feira... não havia luar, nem estrelas, o céu estava carregadamente poluído e refletindo todas as luzes da maravilhosa cidade que é São Paulo, (note o tom de ironia em minhas palavras).

Ainda assim uma bela noite por que já me sentia algumas horas mais próximo de sexta à noite.

Estava em meu quarto, bodiando em frente ao computador, como costumeiramente passo minhas noites de segunda, quando uma porção de luzes psicodélicas adentraram pela janela e me fizeram exclamar:

- Mas que merda é essa agora?!

Disposto a descobrir de onde vinha aquele show e a silenciar o latido dos cães, subi as escadas até a laje de casa. De lá, bem acima de minha cabeça, avistei uma enorme "geringonça" que se agitava em movimentos quase eróticos e despejava aquele monte de luz sobre minha casa.

Profundamente surpreso com o que eu via, sentindo meu coração disparado em desespero e minhas pernas tremendo, soltei mais uma enfática e profunda exclamação, muito condizente com a situação por sinal. Eu disse:

- Oh...!

Segundos depois, sem saber ao certo como ocorreu, fui transportado para dentro daquele negócio que carinhosamente apelidei de "Go Go Nave Espacial".

Uma criatura medindo não mais que um metro e meio, corpo fino, cabeça grande e gorda, relativamente parecido com minha sócia, me recebeu no que parecia ser a ponte de comando.

Ele apertou um botão em seu uniforme, provavelmente para ativar o mecanismo que tornou possível que eu "quase" conseguisse compreendê-lo.

Quase... por que além de fazer uso de um português muito mal "dizido", o desgraçado a minha frente ainda era gago!

A essa altura eu já tinha uma pequena noção do que estava acontecendo e pensei comigo: Por que só eu tenho que se abduzido por um alienígena gago?

Já é relativamente complicado fazer as pessoas acreditarem que você foi abduzido, imagine então contar que foi abduzido e que além de tudo o E.T era gago!

Enquanto eu formulava em minha cabeça como iria contar este ocorrido e chegava a conclusão de que o melhor a se fazer, caso desejasse evitar a camisa de força e a sala acolchoada, era ficar calado, o gago me explicava que era marciano e que estava me levando para lá... Para Marte.

O porquê disso eu nunca entendi.

Tudo o que eu sei é que, fazendo movimentos de dança idénticos ao do Michael jackson, o alienígena controlou a nave e a fez seguir para Marte.

Foi uma viagem bem rápida, mas na verdade eu nunca cheguei a descobrir como era a civilização e tudo mais que existia ali.

O motivo é simples. Uma vez que eu já havia deduzido como o E.T controlava a nave, esperei que ele desembarcasse primeiro e voltei pra casa.

Aposto que vocês querem saber como...

Foi só fazer o "Moonwalk" na ponte de comando e a nave voltou de ré.

Simples assim...



AUTOR: MOON GHOST



sexta-feira, 10 de julho de 2009

Coisas estranhas


Eu não sei se alguma vez já lhes contei as coisas estranhas que acontecem ao meu redor. Podem parecer absurdas, às vezes até invenção, mas posso jurar que a vocês que são fatos verídicos
A lembrança mais antiga que tenho foi em uma de minhas vidas passadas, aliás, posso dizer que foi em uma morte passada, pois tudo ocorreu depois que eu já tinha partido “daquela” para uma melhor.
Como sempre fui uma boa garota, fiz minha passagem, com destino certo ao Céu, pelo menos assim eu acreditava.
Chegando lá encontrei um enorme portão dourado, devia ter uns 10 metros e este possuía um cadeado nas mesmas proporções. Em frente ao portão, estava parado um senhor barbudo que me lembrava Papai Noel, mas ele estava usando algo que me parecia um vestido azul. Segurava uma chave em suas mãos. Logo percebi que aquele senhor era o tão falado São Pedro e que ele iria me abrir os portões para o meu cantinho no Paraíso.
Para a minha surpresa ele barrou minha entrada. Ele estava com um caderno em suas mãos e na capa havia a minha foto sorridente. Então, ele começou a folhear as páginas e apontou com seu dedo gordinho para um trecho que estava em negrito. Leu por algum tempo com cara de que a coisa ia ficar feia para o meu lado e então disse:
- Vejamos... Temos um problema aqui! Quem mandou você seguir o que dizia a música infantil e realmente atirar o pau no gato?
Tentei explicar o que havia acontecido, contei que havia sido apenas uma experiência. Queria constatar se o bichano realmente não morreria e se era verdade que gatos tinham sete vidas. Se realmente tivesse, nada aconteceria, já que ainda lhe restariam outras seis. Então, eu disse:
- Mas São Pedro, como eu ia saber que o gato já havia torrado todas as suas vidas disponíveis?
Depois de muita conversa consegui convencê-lo, com a condição de cantar três vezes ao dia a versão da música em que o gato não se dá mal. Sabe? Aquela que diz: “Não atirei o pau no gato, por que isso não se faz...” O resto, vocês já sabem! Se não souberem também... Ah! Por favor, não me façam repetir essa música!
Já na minha vida atual, as coisas não são tão normais como eu esperava que fossem.
Meu peixe dourado Bola Rebola adora dançar funk. Isso mesmo que vocês ouviram! Eu não sei como, mas desde o dia em que minha priminha tentou fritá-lo ele criou esse hábito. Deve ter sido algum tipo de trauma, ou... Sei lá o que. Só sei que ele é capaz de ficar fora d’água tempo suficiente para dançar o “Creu” e faz a coreografia em todas as velocidades. Só um detalhe: Péssimo gosto musical!
Outro fato, porém não menos inusitado que presenciei certa vez foi quando eu estava em Hollywood. Resolvi acompanhar minha tia Gertrudes, ela estava decidida a procurar um famoso cirurgião plástico e finalmente deixar de ter apenas glúteos mínimos para ter glúteos máximos.
Estávamos próximo ao consultório quando passou por nós um enorme caminhão com letras grandes onde se lia: ZOO! Curiosa, fui perguntar a um dos rapazes que estavam próximos ao caminhão o que poderia ser aquilo.
Até hoje não sei se ele realmente me disse a verdade, mas o que ele me disse foi o seguinte: Uma famosa girafa de um parque africano estava há meses deprimida e cabisbaixa pois seu grande sonho era se tornar uma zebra. Ela adorava pensar no fato que poderia ser tanto branca com listras pretas como o contrário e achava que preto e branco era o último grito da moda. Também não via sentido em ter um pescoço tão longo e tinha esse complexo por que os outros animais do parque a chamavam de Pescoçuda e apelidos similares.
A girafa já havia tentado se enforcar várias vezes sem sucesso, pois devido à sua estatura nunca conseguira algo alto o suficiente para tal tarefa. O máximo que fazia era ficar por horas com algo no pescoço que todos diziam ser um colar.
Então, lá estava ela, deitada dentro do caminhão com um grande sorriso estampado na sua cara de girafa, aguardando o horário de sua operação de “mudança de espécie”.
Definitivamente coisas estranhas acontecem comigo.
Há uns cinco anos atrás fui à Londres com um amigo meu, ele queria ver o show do Elton Jonh e George Michael. Sim, sim, exatamente o que vocês pensaram, ele é super gay, ré no kibe, essa coisa toda...
Estávamos apreciando as belezas da cidade em um início de noite fria, quando, de repente vimos algo atravessando as vidraças do Big Bang.
-Será um pássaro? Um avião? Não... Não faço idéia do que pode ser!
Segundo as pessoas presentes era um rapaz magrelo com algo que parecia uma turbina em suas calças.
As manchetes de todos os jornais traziam a versão do moço voador que atendia pelo nome de Moon.
Segundo ele, o vôo foi ocasionado pela ingestão de uma mistura explosiva de sopa de feijão com goiabada e bala mentos. De acordo com suas palavras, ele decolou da laje de sua casa na velocidade e foi parar em Londres!
Creio que eu fui a única pessoa a acreditar na sua história, afinal, para quem já viu um peixe dançarino, São Pedro em frente aos portões do Céu e uma girafa querendo ser uma zebra, nada parece tão inacreditável assim.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Inacreditável porém real

Alguns dias de minha vida só podem ser definidos, no mínimo, pelo termo “estranho”. Como aquela vez, anos e anos atrás, quando minha namorada imaginária, Silphylla, terminou comigo ao se apaixonar por uma ilusão.
Fiquei profundamente deprimido e as pessoas ao redor não sabiam o por quê. De fato, acredito que nem se importavam com o motivo de minha tristeza... Toda vez que eu tentava explicar elas choravam... De rir... E diziam: “- Só você mesmo!”
Só fui plenamente compreendido por Rabicó.
Rabicó era meu cãozinho, que morava na rua.
Além de suas inúmeras habilidades, ele possuía a capacidade de falar e passou a tarde me consolando com uma série de conselhos amorosos.
Os conselhos não serviram pra nada. O que aconteceu é que Rabicó também possuía a capacidade de ser atropelado e morrer. Foi o que ele fez naquele dia e fiquei tão triste que até esqueci Silphylla.
Em outra ocasião decidi experimentar uma miraculosa receita da culinária exótica: Sopa de feijão com goiabada.
Simplesmente deliciosa! Bem temperada, agridoce e extremamente explosiva. A quantidade de gases que se formaram em meu intestino nos 30 minutos após a ingestão da gororoba foi tão absurdamente grande que era equivalente à atmosfera de Júpiter.
Até tentei ficar em meu quarto, nerdando no MSN ou jogando algo no meu micro, mas logo o ar tornou-se tão poluído que ficou impossível para qualquer forma de vida continuar existindo ali.
Foi quando decidi ir até a laje de casa e apreciar a bela noite... Além de “expurgar” de mim aqueles males.
Meu erro foi ter comido, no caminho, um mentos que estava sobre a mesa da cozinha. Ah, maldito mentos... Maldita sopa...
Ao som do grito: “Saia deste corpo que não te pertence!”, decolei na velocidade do som e descrevendo uma ascendência constante, numa seqüência turbinada de peidos, alcei vôo.
Minha flatulência e a falta de qualquer noção de aviação ou afins, somado aos ventos favoráveis do Atlântico, me levaram longe. Só fui parar quando perdi altitude e atravessei as vidraças de um grande relógio em uma torre, que tão logo vim a descobrir que se tratava do Big Bang... Estava em Londres.
Fui preso e deportado, mesmo assim ninguém acreditou em minha história em qualquer um dos dois continentes...
Também houve aquela vez em que, após uma longa e cansativa sessão de exercícios ao ar livre, decidi me refrescar com um bom refrigerante.
Exagerado como sou, achei que 600 ml era muito pouco para alguém com minha estatura e peso (1,75m e 50 quilos) e decidi comprar logo de 2 litros de fanta uva.
Bem, essa seria uma história rápida, até mesmo por que não lembro de muita coisa.
Acontece que cabulosamente a fanta uva reagiu no meu metabolismo de forma alcoólica e logo estava tão bêbado quanto se tivesse bebido 2 litros de caninha 51.
O que se deu entre a ingestão do líquido roxo e o meio dia do dia seguinte eu não sei. Não lembro.
Mas o que dizem as lendas é que meus amigos me encontraram às 3 horas da madrugada abraçado e beijando um poste que insistentemente chamava de “minha querida... minha querida Angelina Jolie”.
... ainda me recuso a acreditar nesta história.

Autor: Moon Ghost

domingo, 5 de julho de 2009

Os estranhos pensamentos de Paty Xurumelas

Há três dias que Paty não saía de casa. Passava o tempo todo deitada em sua cama jogando vídeo-game em sua televisão protoplasmática, sem tomar banho, sem trocar de roupa e se alimentando por um canudinho que ia de seu quarto até um pote na cozinha onde sua mãe despejava a gororoba.
Ela seguia assim até o dia em que a luz acabou e só lhe restou sair para passear.
Paty deu várias voltas pelo quarteirão de sua casa, mas pensamentos estranhos a assombravam. Eram tantos e tão bizarros que sua cabeça deu um tilt, pior que os tilts que ocorrem em fliperamas.
Ela parou no meio da rua com os olhos arregalados, boca aberta e torta e saía uma baba espumante esquisita.
As pessoas que presenciaram a cena não conseguiam entender o que havia acontecido à pobre menina.
O resultado de sejá lá o que tenha acontecido, na verdade, pouco importa para nossa história. O fato é que, sem motivo aparente, Paty Xurumelas agora se perguntava como os bebês se viravam para ficar tanto tempo mergulhados em líquido amniótico e se por causa disso nasciam enrugados e com cara de joelhos. Antes que se desse conta, já estava imaginando um bando de fetos surfistas californianos pegando onda num oceâno amniótico.
Considerou que isto era loucura demais até para ela. Então, outro pensamento louco foi ao seu encontro. Xurumelas lembrou que sua vovózinha osteoporótica sempre dizia que manga com leite fazia mal.
Paty correu para sua casa, pegou a manga mais suculenta que sua mãe havia comprado e o leite em pó de seu irmãozinho. Misturou tudo e bebeu. Esperou alguns segundos e de repente Xurumelas foi acometida por horríveis e explosivos gases.
Ficou fazendo puns por mais de quarenta minutos sem parar.
Esta sucessão de fatos estranhos a deixou por demais incomodada e decidida a dar cabo da situação. Ela sentou em sua escrivaninha e preparou uma longa carta destinada aos autores desta história.
O conteúdo da carta, no entanto, ninguém ficou sabendo, exceto Papai Noel, que recebeu a correspondência por enagano devido a um problema nos correios. Conta a lenda que esta foi a causa dele ter feito a barba, perdido peso e ter se aposentado.
Mas isto é só especulação.
... Hummm... Doce com salgado, um ventilador enferrujado, um papagaio alejado, um boi no velório da tia avó desavisado! Paty interrompeu a tempestade de absurdos em sua cabeça, comprou um sorvete e seguiu seu caminho.
Ela terminou seu sorvete, comprou uma guitarra e virou líder de uma banda emo core.



( Escrita por Paty e Moon onde cada um criava um trecho, o outro lia apenas a última frase e continuava a história)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A mais bela aventura




Tic tac, tic tac... Incrível como um simples relógio pode ser irritante quando não se consegue dormir. O ponteiro já deu várias voltas, cada segundo parece se rastejar.
Eu estou deitada na minha cama, inquieta, pensativa, tentando me desligar de tudo aquilo para finalmente poder dormir.
Presto atenção nos ponteiros maiores, desprezando o pequeno e barulhento que tanto me irrita. Cinco e cinqüenta e cinco da manhã! Droga, números repetidos me perseguem!
Permaneço acordada por mais alguns minutos, quando repentinamente me sinto um tanto entorpecida. Meus olhos começam a pesar cada vez mais, finalmente se fecham e adormeço.
Então vejo uma luz. Forte e dourada, clareando um ambiente constituído por névoa e escuridão. Ela vai se distanciando, ficando cada vez mais intensa que fica quase insuportável manter meus olhos abertos. Como que por mágica, essa luz explode. Começa a cair uma espécie de chuva de luz bem fina com pingos de todas as cores imagináveis. Essas gotas coloridas vão se unindo, lentamente, pingo por pingo. Permaneço atenta a tudo aquilo, curiosa para decifrar o que está se formando nessa união interminável de cores.
Estou olhando, olhando... Parece uma chuva em câmera lenta. Está surgindo um lindo campo verde, repleto de árvores frutíferas, flores de todas as espécies, um lago mais adiante e uma cachoeira de águas límpidas. Bate uma brisa agradável com cheiro doce de flores. Nunca vi nada tão lindo em toda a minha vida.
Logo noto que há pequenos seres voando por toda parte, suas asinhas batem rapidamente e refletem a luz do dia. São lindas meninas em miniatura, com rostos angelicais. Seus olhos são amendoados, íris de um lilás encantador, pequenos desenhos contornam suas sobrancelhas. Seus cabelos são coloridos e esvoaçantes. Possuem sorriso sapeca de criança e seus vestidos são feitos com pétalas de flores. Essas criaturinhas parecem fadas ou algo parecido.
Começo então a andar por entre elas, elas dão risada e se divertem brincando por entre os meus cabelos criando a cada passagem, um novo e mais engraçado penteado.
Continuo a caminhar pelo campo, pés descalços na grama, percebo que ainda estou com meu pijama azul de ursinho.
Ando muito, minhas pernas começam a doer, o sol já está se pondo por entre umas montanhas mais à frente.
Então avisto no meio do campo, entre algumas árvores uma cadeira que parece estrategicamente colocada ali. Ela me parece muito confortável, bem convidativa, então resolvo parar e descansar. Assim que me acomodo, levo um susto e digo:
- Ai! Cadeira safada! Mordeu meu bumbum!
O riso das fadinhas forma um coro estridente.
De repente escuto uma gargalhada engraçada e uma voz que me diz:
- Cuidado menina desavisada! Nunca ouviu falar da cadeira mordedora de bundas?
- Ei! Quem disse isso?
Quando olho para o lado vejo uma enorme tartaruga verde confortavelmente acomodada numa almofada vermelha com franjas douradas.
Tento me recompor do susto e conter o riso por que não é todo dia vemos uma tartaruga falante sentada numa almofada.
Então eu digo:
- Ah sim! Cadeira mordedora de bundas! Claro que já ouvi falar, aliás, tenho várias delas em casa. Adoro quando elas me mordem!
A tartaruga faz uma cara de poucos amigos, parece não gostar da brincadeira. Resolvo pedir desculpas a ela, não gosto de ser grosseira, nem mesmo com tartarugas, ou seja lá o que for.
Então, ela me conta que estou em um lugar mágico, que nem todos têm o privilégio de visitar. Lá tudo pode acontecer, do mais simples ao mais inimaginável. Lá existem seres dos mais variados, você pode encontrar pessoas que nem ao menos conhece como pode encontrar amigos, familiares, amores e pessoas que não vê há muito tempo. Pode deixar suas vontades livres para se tornarem realidade e lá todos os seus desejos são possíveis.
Não imagino onde é que vim parar, mas concluo que esse é o lugar mais colorido, mais cheio de perfumes e sensações que eu jamais vi.
Interrompendo a nossa conversa, uma das fadas que habitam esse lugar me entrega um pequeno frasco, o qual cabe em uma de minhas mãos fechada.
O vidrinho possuí os contornos de um violão e pode-se ler em letras miúdas a seguinte frase: “Beba-me”. Dentro dele há um líquido azul borbulhante e um tanto viscoso.
Depois de pensar um pouco, abro o frasco, aproximo o gargalo da garrafinha do meu nariz, sinto um cheiro muito doce a ponto de ser irritante e me faz espirrar por algum tempo.
Resolvo beber o líquido, arriscar e ver o que acontece. Alguns me olham com cara de expectativa, outros com receio do que pode vir a me acontecer.
Tento virar tudo em um só gole, mas quanto mais eu bebo, mas líquido aparece no frasco, isso me dá desespero. Além do sabor, me disseram ser uma mistura de doce amargo com salgado azedo.
Assim que termino de beber, asas começam a sair de minhas costas, à medida que elas vão se abrindo meus pés começam a sair do chão.
Incrível a sensação de ser livre e pode voar, dou várias voltas por entre as nuvens, lá em cima, solitária, sentindo o vento bater sobre o meu corpo.
De repente, minhas asas evaporam e começo a cair.
Caio bruscamente sobre um tecido branco estampado e macio que me parece bem familiar.
Abro os olhos, estou novamente deitada na minha cama, tudo não passou de um belo sonho.